domingo, 27 de outubro de 2013

Lembro...

Lembro das estórias que minha mãe me contava na hora de dormir. Naquela época, eu só a via nos finais de semana, igual às meninas que viviam em internato nas estórias que eu leria bem mais tarde, e esse era de longe o momento mais esperado do dia. Minha mãe contava estórias de princesas sequestradas, presas em castelos perdidos nas terras do Oriente. E cantava umas musiquinhas, como se ela fosse ou já tivesse sido um dia uma triste princesa.

Lembro dos livros da minha mãe. Eu podia folhear sozinha Meu livro de histórias bíblicas! E as estórias que eu criava pras imagens que eu via sempre foram melhores que as histórias lidas por minha mãe ou por mim quando mais velha. Contrato de casamento -  foi o primeiro romance de mulherzinha que eu li, escondida de minha mãe.

Lembro do primeiro livro que li sozinha. Peguei na biblioteca da escola. Os perigos de Didi. Uma ratinha passeando sozinha pela floresta. Tenho flashs das imagens, do texto (que, acho eu, era todo em caixa alta) e da sensação boa de poder ler sozinha.

Lembro do Prof. Adalto lendo Pé de pilão, cada semana um pouquinho, nas aulas que eu mais amava, na sala de leitura. Eu esperava ansiosa pelas sextas-feiras, depois do recreio, pra ouvir as peripécias do pato e sua avó enfeitiçada. Foi com esse professor bravo, sisudo, que conheci Cinderela, Rapunzel, a menina bonita do laço de fita... Nesse lugar mágico eu podia ler o que quisesse: descobrir o jogo do contente; me emocionar com Lola e seus filhos Carlos, Isabel e Juninho; e pensar na triste vida das meninas da noite, do Dimenstein.
Lembro que desde pequenininha eu saía contando o que eu lia pras pessoas. Era como se eu quisesse contagiar o mundo com minha paixão...

Lembro quando comecei a pensar no que leria pro meu filho, quando (e se) eu tivesse um filho.

Lembro que chorei quando li pela primeira vez O pote vazio – uma das minhas primeiras escolhas pra biblioteca futura de um filho futuro.


Lembro de ler Tanto, tanto tantas vezes durante a gravidez... Ainda é uma das leituras preferidas do Tiago. Hoje ele passa as páginas e repete a história (que sabe de cor) pro seus filhinhos Gigi, Batidinha Grande, Batidinha Pequeno e Porquinha Rosa.

Hoje a gente lê toda noite antes de dormir (e desconfio que este seja um dos momentos prediletos do dia do meu pequeno, como é pra mim).

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns, Cris! Está lindo o blog e este texto sincero de apresentação é carinhoso e apaixonado como você é com o Tiago e os livros. Acho maravilhoso que você tenha decidido compartilhar dessa forma suas leituras, seus pensamentos. Nossas experiências são a coisa mais rica que temos na vida e compartilhá-las é uma das formas mais generosas de revivê-las, ampliá-las e enriquecê-las. Viva você! Viva a leitura! Viva o Pururu! Te amo. (Almir)

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  3. Parabéns pela iniciativa! Que pelo menos uma mãe siga seu exemplo e teremos mais uma criança com algo na cabeça nesse mundo! Beijos

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  4. Cris, que linda iniciativa! Parabéns! Que orgulho acompanhar um pouco a sua trajetória de leitura e a do Tiaguito. Já adianto que farei algo igual para os meus pequenos um dia... Viu, que inspiração boa você nos dá?! Beijo enorme, Eli
    PS: Lembro que numa tarde de férias as crianças da rua me chamavam p/ brincar e eu ficava na janela fazendo charme e mostrando a coleção de Gibis da Turma da Mônica que eu exibia e dizia "não posso brincar agora, porque tenho muito para ler" (detalhe: eu não sabia ler ainda e eram todos emprestados das primas). Lembro que de tanto pedir p/ o meu pai contar historinha (eram lendas antigas do nordeste) um dia ele começou a contar histórias de terror só p/ gente parar de perguntar e aí é que eu gostei mais - hahahaha.

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