sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Leitura com os pequenininhos

Sempre ouço por aí, em meus bate-papos literários, discussões sobre o que ler para bebês e crianças bem pequenas. Até conheço um ou outro projeto de leitura para os bem pequeninos: a biblioteca Monteiro Lobato tem um projeto bem bacana, e a FESP tem um curso de extensão sobre o tema, comandado pela excelente Nádia Hommerding, mas nunca trabalhei com isso, nem estudei o assunto. O que faço, desde sempre, desde quando Tiago era um carocinho de feijão, é ler o que eu gosto, o que me instiga e emociona.

Grávida, costumava ler em voz alta um pouco de tudo. Li muita poesia infantil (José Paulo Paes, Cecília Meireles, Vinícius...), muito contos de fadas (e esses, meus queridos, é leitura pra vida toda! Como diz uma amiga contadora de histórias, os contos de fadas são para a alma o que o aleitamento materno é para o corpo)! Também cantava muita música pra ele.

        
Mais tarde, com o Tiago recém nascido, fui relendo esses textos, cantando essas músicas e tentando perceber do que ele mais gostava. Nosso repertório era (e é) bastante variado. Audrey Wood, contos de fadas, Julia Donaldson, Cecília Meireles, Vinícus, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Eva Furnari... E as cantigas continuaram. Último pau-de-arara era nossa companheira durante a amamentação e Dia branco nossa canção de ninar...  

Conforme ele foi crescendo, fui me preocupando também com os recursos visuais dos livros: os livros brinquedos, pop-up, os grandes ilustradores, enfim, aqueles livrinhos que vão dar pano pra manga! Entre os interativos, meus preferidos são os da Brinque-Book e da Companhia das Letrinhas – se bem que os livros da Ninoca (editora Ática) são um primor. Os livros de banho e aqueles de pano também fazem muito sucesso. Tiago tem até hoje um livrinho de banho que ganhou da amiga Iara. E agora ele lê durante o banho e não quer saber de dar fim no bichinho, que já passou dessa pra melhor faz tempo.
  
Editado aqui no Brasil pela Companhia das Letrinhas, os livros do Keith Faulkner são um achado, sempre provocando gargalhadas ou olhos arregalados nos bebês. Uma vez dei O Ursinho Apavorado para o filhinho de cinco meses de uma amiga (É, sou dessas pessoas que costuma dar livros para papais e mamães de primeira viagem). Ela comentou depois que o pequeno Pedro gargalhava e tentava agarrar as dobraduras enquanto ela lia. Olha só que delícia!

Quando minha cunhada Mayany era bebê, dei, com toda a recomendação de leitura possível, um livrinho que amo de paixão: O Pote vazio. Ela tinha cerca de sete meses quando ouviu pela primeira vez. O exemplar foi sendo trocado ao longo dos anos, pois esse era um grande companheiro da criatura. E ela conseguia reconhecer o Ping em qualquer página do livro. Outra delícia!  
       
Alguns temas são caros aos pequeninos: medo do escuro, querer ficar acordado, soltar puns - de todos os tipos, como ou quando nasceu (Na noite em que você nasceu..., presente da Elisângela quando o Tiago nasceu, é emocionante!). Enfim, são muitas as possibilidades, basta ter um pouquinho de vontade de ler, porque leitura sem vontade não engana ninguém.

Vou listar alguns (só alguns) dos meus títulos ou autores preferidos, lembrando que pra mim, essa divisão por faixa etária é praticamente inexistente. São livrinhos que fazem bem pra minha alma e que sempre vão aparecer por aqui, porque num momento ou outro da vida eu ou o Tiago escolhemos um deles: para saborear, para encantar, para se emocionar. Ou mesmo para passar um pouquinho o tempo. Sozinhos, juntos ou acompanhados de outros amigos.
  • Sam McBratney – Adivinha quanto eu te amo 
  • Cecília Meireles – Ou isto ou aquilo. (O melhor de todos os tempos! Acabou de sair uma edição fantástica com ilustrações do fantástico Odilon Moraes. Já vi que vou ter o terceiro exemplar em breve...)
  • Milton Célio de Oliveira Filho – O caso da lagarta que tomou chá-de-sumiço...
  • Silvana Rando – Peppa, Gildo (ainda não li para o Tiago, mas são uma graça!)
  • Claudia Fries - Um porco vem morar aqui
  • Katryn Meyrick - Samanta gorducha vai ao baile das bruxas (ainda não li com o Tiago, mas se - ou quando - tiver uma menina, vou ter que ler várias vezes para ela. Amo!)
  • Dugald Steer - Só mais uma história (nossa paixão atual! O problema é que quando você pensa que acabou, vem o pedido de só mais uma história!)
  • Sean Taylor - Quando nasce um monstro (de longe, o livro predileto do Tiago) "Quando nasce um monstro, existem duas possibilidades..."
  • Dr. Seuss – O gatola da cartola, Ah, os lugares aonde você irá!...
  • Ana Maria Machado – Menina bonita do laço de fita (perfeito! Todo mundo tem que ler, tem que ter!), Fome danada, A velhinha maluquete...
  • Ruth Rocha – Coleção A turma da minha rua, Marcelo, marmelo, martelo, O amigo do rei...
  • Lalau e Laurabeatriz – Bem-te-vi e outras poesias, Zum-zum-zum e outras poesias!
  • Mem Fox – Guilherme Augusto Araújo Fernandes
  • Julia Donaldson - O Grúfalo, O filho do Grúfalo, Macaco danado...
"Um ratinho foi passear na floresta escura. A raposa viu o ratinho e o achou apetitoso.- Aonde você vai? Perguntou a raposa com brandura – Venha almoçar comigo, faço um almoço gostoso. - Quanta gentileza raposa, mas não posso aceitar, já marquei com o Grúfalo para almoçar.- Um Grúfalo? O que é um Grúfalo?- Você não conhece? Um Grúfalo! Ele tem presas incríveis e garras terríveis. E em sua boca, dentes horríveis.”


                

sábado, 2 de novembro de 2013

A casa onde todos viviam dormindo e outras gostosuras

O que faz um livro encantar uma criança? As imagens? O texto? O ritmo? Os livros escritos e ilustrados por Audrey e Don Wood se encaixam em qualquer que seja a resposta. Textos aparentemente simples, imagens que se casam perfeitamente à estória, seus livros estão entre os mais indicados para crianças pequenas. Nossos títulos preferidos são A casa sonolenta e A Bruxa Salomé.

N’A casa sonolenta todos viviam dormindo: a avó, o menino, o cachorro, o gato... As imagens escuras combinam com o tempo nublado e a cama convida à preguiça, como aqueles dias de inverno quando tudo o que queremos é dormir. Até que surge neste quarto aconchegante, dessa casa sonolenta, uma... pulga! Uma pulga acordada, numa casa sonolenta! Está feita a bagunça! Em ritmo alucinante uma pequena pulguinha vira de pernas para o ar a vida organizada e monótona dessa família. O sol, que aparece à janela, convida o leitor a brincar. Tiago costuma acompanhar a história atento e é uma delícia quando erro a ordem e coloco o rato antes do cachorro ou quando, de propósito, digo uma cama bagunçada numa casa acordada. Ele fica bravo e diz “Você não sabe, mamãe? É assim” e recita a estória direitinho.
A Bruxa Salomé conta as artimanhas da dita cuja contra uma pobre mãe e seus sete filhos: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo. A história é perfeita: tem suspense, tem aventura, tem tristeza e as famosas repetições que prendem o pequeno leitor. As ilustrações dão medo no encontro com a bruxa, emocionam com a dor da mãe e celebram o reencontro da família. Meu filho tem raiva da Salomé e sempre espera ansioso pelo momento em que a mamãe revela-se, soberana, para a bruxa. A ilustração desse trecho é impressionante: uma mãe altiva e uma bruxa pequenina de medo, diante da braveza da mulher.
Há muitos títulos bacanas, com os quais a criança ri, identifica-se, brinca. Os porquinhos, perfeitos para cócegas em bebês; o rei que está na banheira e não quer sair; o garoto que é rápido como um gafanhoto e lento como um caracol; o menino e sua palavra feia... Os Wood são desses autores que não podem faltar na primeira biblioteca do pequeno leitor.